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O problema da Polimedicação no idoso em Portugal

06 Jun 2017 - 12h45 - 4.782 caracteres

É urgente a criação de um plano para lidar com o problema da Polimedicação no idoso em Portugal, conclui estudo europeu.

 

Apesar de ser um grave problema nos idosos, Portugal não tem qualquer política para lidar com a polimedicação (polifarmácia, uso de múltiplos medicamentos) desadequada. É urgente a criação e implementação de um Plano Nacional de Revisão da Polimedicação na população mais velha, conclui o estudo europeu SIMPATHY, que envolveu uma equipa de investigadores das Faculdades de Farmácia e Medicina da Universidade de Coimbra (UC) e do consórcio Ageing@Coimbra - Região Europeia de Referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável.

Desenvolvido, ao longo dos últimos dois anos, por uma equipa multidisciplinar de 10 instituições da Alemanha, Espanha, Grécia, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido e Suécia, o SIMPATHY (Stimulating Innovation Management of Polypharmacy and Adherence in The Elderly) foi coordenado pelo Governo da Escócia e obteve um financiamento de um milhão de euros da União Europeia (UE) através do 3º Programa Europeu de Saúde.

O estudo, que contou ainda com a colaboração da Universidade de Lisboa (UL), teve como objetivo estudar o impacto da polimedicação e da adesão à terapêutica na saúde da população mais idosa.

A equipa, constituída por cerca de meia centena de especialistas e investigadores, efetuou o levantamento do “estado de arte” do problema e realizou vários estudos de caso nos países parceiros do projeto, concluindo que, no caso de Portugal, «não há qualquer política para lidar com este problema que já assume dimensões preocupantes e que se irá agravar nos próximos anos, considerando que, em 2060, Portugal será o país da União Europeia com o maior decréscimo de natalidade e maior aumento no número de idosos com doenças crónicas», alerta João Malva, coordenador da equipa portuguesa.

Com «esta tensão demográfica», salienta o especialista da Faculdade de Medicina da UC, «é urgente encontrar soluções. Caso contrário, o impacto na sociedade e no Sistema Nacional de Saúde será crítico. Não podemos esquecer que as patologias crónicas associadas ao envelhecimento são múltiplas, potenciando a polifarmácia e aumentando o risco para os idosos. Além disso, acarretam elevados custos económicos e sofrimento às famílias».

O investigador nota que «cerca de 40% das pessoas que toma 5 ou mais medicamentos, não o faz de forma apropriada, e cerca de 50 % das hospitalizações que acontecem devido a medicação excessiva seriam evitáveis se existisse um plano de revisão da polifarmácia».

Questionado sobre a existência de boas práticas no espaço europeu em relação a esta matéria, João Malva afirma que o «Reino Unido, em especial a Escócia e Irlanda do Norte, e a Suécia» são exemplos a seguir.

Deste estudo resultou, também, um Manual de Diagnóstico da Situação de Polimedicação no Idoso na Europa, onde são indicadas seis grandes recomendações para implementação de Programas de Revisão da Polifarmácia em todos os Estados-Membros da UE, entre as quais, o uso de abordagens multidisciplinares nos Sistemas Nacionais de Saúde, encarando o problema de forma holística; a promoção de uma cultura que valorize a segurança e a qualidade na prescrição de medicamentos; e a recolha de dados nacionais que auxiliem a tomada de decisão política.

O Manual, dirigido aos profissionais de saúde, especialmente médicos, enfermeiros e farmacêuticos, e aos decisores políticos, tem o editorial assinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhecendo a importância deste trabalho, e está disponível gratuitamente na Página Web do projeto: SIMPATHY.

Declarações do coordenador da equipa portuguesa, João Malva: aqui.

 

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)


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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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