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No combate às alterações climáticas

23 Ago 2017 - 17h23 - 5.994 caracteres

 

Não há dúvida alguma que as alterações climáticas estão a acontecer. Diversas agências e institutos de investigação têm batalhado para mostrar à humanidade que a vida que levamos está a destruir o equilíbrio do nosso planeta Terra. Lamentavelmente poucos de nós temos alterado as nossas rotinas de forma a compensar os distúrbios irreparáveis já praticados.

Desde do final do século XIX a temperatura da Terra aumentou perto de um grau Celsius devido às emissões de dióxido de carbono provocadas em grande parte pelo uso sem regra de combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão. Desde do ano 2000, todo o ano é mais quente do que o anterior, o que mostra que isto da temperatura estar a aumentar está mesmo a acontecer e a situação agrava-se a cada ano. Um grau pode não parecer chocante, é apenas um! Infelizmente um grau Celsius já foi suficiente para causar grandes distúrbios. Regularmente deparámo-nos com notícias de eventos meteorológicos extremos: tempestades que destroem cidades, temperaturas anormalmente altas durante vários dias e sessões de chuva intensa que provocam cheias destruindo cidades e campos agrícolas. Estes são efeitos dos quais já todos nos apercebemos, mas há outros tão ou ainda mais graves a acontecer mesmo debaixo dos nossos olhos e sob nossa responsabilidade.

Os oceanos têm sido gravemente afetados, absorvem grande parte do calor do planeta e há imensas consequências. Os recifes de coral são extremamente sensíveis a variações de temperatura e por isso têm sofrido do chamado Branqueamento dos corais o que faz com que se tornem muito vulneráveis e acabem por morrer facilmente. Os corais não são apenas zonas dos oceanos extraordinários que as pessoas gostam de visitar, os corais são o habitat de muitos peixes e outros pequenos organismos. Se os corais estão a desaparecer muitos peixes irão morrer porque o seu habitat desapareceu. Cerca de um quarto do dióxido de carbono produzido pela humanidade é absorvido pelos oceanos. Este gás provoca uma alteração química na água, baixa o pH da água dos oceanos e, como é óbvio, nem todos os peixes e todos os outros organismos que vivem nos oceanos conseguirão adaptar-se a esta mudança.

Apenas um, um grau, e vejamos os efeitos que esta que parece uma pequena alteração está a ter um grande efeito nos oceanos, mas não só. As grandes áreas de gelo, como nos polos, são extremamente importantes para manter a estabilidade da temperatura. O sol que chega a estas zonas é refletido e por isso não contribui para o aquecimento global. Em consequência do aumento global da temperatura as zonas de gelo têm vindo a diminuir. Os cientistas chamam-lhe efeito positivo, pois aumenta-se a si mesmo. A diminuição da área de neve implica que menos raios solares sejam refletidos o que promove o aumento da temperatura, que por sua vez promove que o gelo derreta e as zonas de neve percam área.

Desde 1900 o mar subiu cerca de 19 centímetros, mais uma vez talvez não pareça muito, mas pensem em ter 20 cm de altura de água à porta de casa. Os glaciares nos Himalaias, nos Alpes e no Alasca estão progressivamente a perder área. Estas consequências são apenas as mais proeminentes e as responsáveis de muitas outras repercussões que afetam a uma escala mais pequena diferentes populações em diferentes locais.

Para além do uso descomedido de energias fósseis, a necessidade crescente para a produção de alimentos em massa está a levar a que florestas sejam destruídas. Grandes florestas como a Amazónia são parte dos pulmões da Terra, são fundamentais para manter o equilíbrio na Terra porque contribuem para a remoção de dióxido de carbono. O que antes eram florestas imensas são agora campos de cultivo e de criação animal. Sem esquecer que as explorações petrolíferas e mineiras também são pretexto para a desflorestação.

O nosso planeta precisa de nós para um restabelecimento da harmonia da Natureza. Para isso há hábitos a alterar. É importante dar atenção aos produtos alimentares que compramos, aos veículos de transporte que usamos, que fim damos ao lixo que produzimos e em quem escolhemos para decidir o futuro do nosso país e do mundo. É importante preferir os produtos que viajaram menos para chegar até nós, os que consumiram menos recursos, os que foram produzidos com menor impacto ambiental. É importante escolher os que promovem energias renováveis, que tomam medidas para a redução das emissões de dióxido de carbono e que apostam na proteção do ambiente. Acima de tudo é importante escolher fazer a diferença e para isso não precisamos de ser extremistas, apenas devemos ser razoáveis e procurar o equilíbrio. Precisamos de preservar o nosso planeta.

 

 

Legenda da Figura anexa: Longos períodos de seca, o aumento de fogos florestais, a diminuição de zonas de gelo e consequentemente a subida do nível médio das águas do mar são consequências graves do aquecimento global.

 

Marisa Oliveira da Silva


© 2017 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


Marisa Silva

Em 2008 iniciou a licenciatura em Biotecnologia na Universidade da Beira Interior prosseguindo para o mestrado na FCT- Universidade Nova de Lisboa também em Biotecnologia. No projecto de mestrado investigou processos de optimização na produção de bioplásticos através de culturas mistas no grupo da Professora Dr. Maria Ascenção Reis. Em 2014 começou o doutoramento no departamento de Limnologia da Universidade de Zurique sob a supervisão do Professor Dr. Jakob Pernthaler. Actualmente, no projecto de doutoramento investiga a remoção de cianotoxinas (letais para humanos e animais) por biofilmes que se desenvolvem num sistema de produção de água. Sistema este que foi desenvolvido para a produção de água potável em países de terceiro mundo onde o acesso a água potável é escasso ou inexistente. 


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