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Usar videojogos para diagnóstico de doenças do envelhecimento

25 Nov 2017 - 14h42 - 3.443 caracteres

Um estudo preliminar, desenvolvido por uma equipa de investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e Medicina (FMUC) da Universidade de Coimbra (UC), revelou que os videojogos têm potencial para, no futuro, virem a ser utilizados como meio auxiliar de diagnóstico em doenças associadas ao envelhecimento.

A investigação, distinguida recentemente com o prémio de “Melhor Artigo Científico” na ICEC (International Conference on Entertainment Computing 2017), que decorreu no Japão, focou-se em avaliar se os Serious Games, jogos aplicados a situações sérias, podem ser um instrumento útil para ser usado na avaliação cognitiva e estimulação da população idosa.

Para tal, a equipa, constituída por Hélio Neto, Joaquim Cerejeira e Licínio Roque, instrumentou três jogos com ferramentas de recolha de dados que permitissem estudar o desempenho das funções cognitivas do público-alvo.

De seguida, os jogos foram testados com dois grupos de pessoas idosas. Um grupo seguido na Unidade de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), sob a supervisão do especialista Joaquim Cerejeira, e outro constituído por idosos saudáveis.

Durante as experiências, os investigadores recolheram e analisaram cerca de uma centena de indicadores, que permitiram estudar os níveis de desempenho ao longo do jogo.

Com a mesma amostra foi aplicado também um teste padrão usado em contexto clínico para rastreio de défice cognitivo, o Montreal Cognitive Assessement (MoCA).

Os resultados revelaram «uma correlação direta entre o desempenho obtido nos jogos e o resultado alcançado no teste MoCa. Os jogadores que obtiveram melhor performance no teste padrão foram os que conseguiram concluir mais níveis nos jogos», explica Licínio Roque, docente e investigador da FCTUC.

Embora sejam necessários estudos mais aprofundados, esta correlação indica que os Serious Games poderão, no futuro, «ser utilizados como instrumento auxiliar de diagnóstico em patologias que envolvam avaliações neuropsicológicas. Os jogos podem, de uma forma menos estressante e mais atrativa, ser usados como indicadores de substituição para testes cognitivos. Por exemplo, a pessoa pode estar no conforto da sua casa e ser acompanhada remotamente pelo médico enquanto joga», salienta Licínio Roque.

Por seu lado, Joaquim Cerejeira, psiquiatra no CHUC e docente da FMUC, realça que esta nova abordagem «poderá vir a ser útil para caraterizar e monitorizar a função cognitiva dos doentes de uma forma rotineira e cómoda. O médico ou neuropsicólogo poderão dessa forma verificar se o desempenho do doente está de alguma forma prejudicado e verificar em que medida o tratamento instituído está a ser eficaz».

O estudo foi desenvolvido ao longo de quatro anos e teve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq (Brasil).)

 

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra


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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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