Registo | Contactos

O céu de junho de 2020

04 Jun 2020 - 15h07 - 4.418 caracteres

Em junho começa o verão e vamos poder observar os 5 planetas visíveis a olho nu.

Dia 5 é dia de lua cheia. Já no dia 8, a lua, num minguante quase cheio, vai estar a 8 graus do planeta Júpiter. No dia seguinte o nosso satélite, que anda cerca de “um palmo” por dia no céu, vai estar a 6 graus de Júpiter e a 3 graus de Saturno, com três astros a formarem um triângulo no céu.

No início do mês, Júpiter nasce por volta da meia-noite, mas com o passar dos dias vai nascer cada vez mais cedo e vai ficando cada vez mais alto. No dia 30 já nasce por volta das 22:00. Em relação a Saturno, este nasce apenas meia hora mais tarde, pois os dois planetas estão a pouco mais de 4 graus de distância um do outro, no início de junho. Júpiter vai-se afastando um bocadinho ao longo do mês e no dia 30 os dois planetas estarão separados por 6 graus.

No dia 13, a Lua atinge o quarto minguante e passa a apenas 3 graus de Marte. O planeta nasce por volta das 2:30 da manhã no início do mês e por volta da 1:30 no dia 30, passando da constelação de Aquário para a de Peixes.

Quanto a Mercúrio, no início do mês o planeta pode observar-se ao anoitecer, ainda que baixo no horizonte. No dia 7, às 21:30, está a mais ou menos virado a Oeste (à esquerda do pôr-do-Sol), cerca de 13 graus acima do horizonte. O planeta vai ficando cada vez mais baixo no céu e no dia 15 já só se vê mesmo rente ao horizonte, durante uns minutos, assim que o Sol se põe. A partir do dia 19, deixa mesmo de se ver.

Vénus foi a “estrela da tarde” durante os últimos meses, mas depois de passar em frente ao Sol, passa para o céu do amanhecer. Volta a ser visível lá para meio do mês de junho e no dia 30, quando o Sol nasce, estará a uma altura de quase 20 graus.

No dia 19 a Lua, apenas 4% iluminada, passa a cerca de 1 grau do planeta Vénus. Os dois podem ver-se apenas durante cerca de uma hora, já que Vénus nasce às 5 da manhã e o amanhecer ocorre por volta das 6 da manhã.

No dia 20 de junho, às 22:44, ocorre o solstício de Verão (no hemisfério Norte). Neste dia, o Sol atinge o ponto mais alto no céu (e passa mais tempo acima do horizonte) em todo o ano.

Neste dia o Sol em Bragança nasce às 5:52 e põe-se às 21:05, enquanto no Porto nasce às 6:02 e põe-se às 21:11. Em Coimbra o dia dura das 06:04 às 21:07, em Lisboa das 06:12 às 21:05 e em Faro das 06:12 às 20:55. No Funchal (arquipélago da Madeira) o Sol nasce às 07:00 e põe-se às 21:18. Já em Ponta Delgada (nos Açores), nasce às 06:21 e põe-se às 21:08.

No dia 21 o nosso satélite atinge a fase de lua nova, e ocorre um eclipse solar, por volta das 7:41 (hora portuguesa). Infelizmente para nós, não será visível de Portugal. Este eclipse tem a particularidade de ocorrer quando a Lua está um bocadinho mais afastada da Terra do que a média, por isso não consegue tapar a totalidade do disco solar – é um eclipse anular. Os melhores locais para observar o eclipse como anular serão partes do Paquistão, o topo Norte da Índia e uma grande parte da China.

E quase a terminar o mês, no dia 28 a Lua atinge o quarto crescente.

 

 

 

Boas observações.

 

Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

Figura 1: O céu virado a Sul no dia 9 de junho às 04:45. A Lua, com os planetas Saturno e Júpiter formam um triângulo. À esquerda, a Sudeste, ainda se pode ver o planeta Marte. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium).

 

Figura 2: O céu por volta das 5:30 do dia 19 de junho. O minguante da Lua, iluminada a apenas 4%, está quase colada ao planeta Vénus. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium).

 


© 2020 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


Ricardo Cardoso Reis

Veja outros artigos deste/a autor/a.
Escreva ao autor deste texto

Ficheiros para download Jornais que já efectuaram download deste artigo