O céu de Abril
Abril é o Mês Mundial da Astronomia (MMA). Em Portugal vão decorrer várias atividades espalhadas de Norte a Sul. A lista destas atividades pode ser consultada em: http://gam-awb.org/.
E porque não é só de noite que se vê o céu, o MMA dedica logo o dia 1 ao Sol – o SunDay (palavra inglesa para Domingo, que significa literalmente “Dia do Sol”). as apesar da sua importância, é quando a nossa estrela começa a desaparecer que o céu começa a ficar mais povoado.
No início do mês, quem estiver virado para poente (ou Oeste), e logo ao pôr-do-Sol, pode ver duas “super-estrelas” – os planetas Júpiter (mais abaixo e menos brilhante) e Vénus.
Júpiter está a aproximar-se do Sol, e vai mesmo deixar de ser visível lá para o meio de abril. Já Vénus continua a afastar-se da nossa estrela, aparecendo cada vez mais alto. Este movimento de Vénus vai levá-lo a cruzar o enxame de estrelas das Plêiades (também conhecido no nosso país como o “Sete Estrelo”) entre 2 e 4 de abril.
Vénus, que visto por um telescópio apresenta fases semelhantes às da Lua, está em “quarto minguante”. Com a zona iluminada do planeta a ficar cada vez menor, seria de esperar que este ficasse cada vez menos brilhante. Mas o planeta está a aproximar-se da Terra, e por isso está a ficar mais brilhante. Vai atingir o maior brilho do ano no último dia de Abril, sendo mesmo possível (embora difícil) vê-lo com o Sol acima do horizonte.
Quanto à Lua, esta passa por Marte no dia 4, dois dias depois estará em fase de Lua Cheia e logo na noite seguinte estará ao lado de Saturno. Uma semana depois, a noite de sexta-feira 13 começa sem Lua. Em fase de quarto minguante, o nosso satélite natural só nasce por volta das 3 e meia da manhã. A Lua Nova ocorre a 21, começando a crescer nos dias seguintes. No dia 25 de abril estará mesmo ao lado de Vénus.
A Lua nova vai ajudar à observação da chuva de estrelas das Líridas, que deve o seu nome à constelação da Lira. O máximo desta chuva de meteoros é esperado para a madrugada de 21 para 22 de abril, mas são esperados apenas 10 a 20 meteoros por hora (em locais com céus escuros). Numa cidade é provável que esta chuva passe completamente despercebida.
No dia 15, quem olhar para Este (ou nascente), poderá ver Saturno logo ao anoitecer. Nesse dia o planeta dos anéis está em oposição, isto é, no ponto de maior aproximação da Terra, com os dois planetas separados por “apenas” mil e trezentos milhões de quilómetros.
Apesar de ser o dia em que Saturno estará mais brilhante no céu, porque a sua distância é tão grande, o planeta continuará a parecer apenas ligeiramente mais brilhante que a estrela Espiga, que está logo ao seu lado.
Boas observações.
Ricardo Cardoso Reis
(Centro de Astrofísica Universidade do Porto)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
Fig1: O céu a Nordeste, por volta da meia-noite e meia do dia 22 de abril. Ao lado da constelação da Lira está indicado o radiante da chuva de estrelas das Líridas. Também destacadas estão as estrelas Vega (Lira), Deneb (Cisne) e Polaris ou estrela polar (Ursa Menor).
Fig2: Saturno e Marte, ao anoitecer do dia 15 de abril. Também destacadas estão as duas estrelas mais brilhantes da zona, Arcturus (Boieiro) e Espiga (Virgem).
(Imagens: Stellarium)
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Ricardo Cardoso Reis
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- Fig1: O céu a Nordeste, por volta da meia-noite e meia do dia 22 de abril. Ao lado da constelação da Lira está indicado o radiante da chuva de estrelas das Líridas. Também destacadas estão as estrelas Vega (Lira), Deneb (Cisne) e Polaris ou estrela polar (Ursa Menor).
- Fig2: Saturno e Marte, ao anoitecer do dia 15 de abril. Também destacadas estão as duas estrelas mais brilhantes da zona, Arcturus (Boieiro) e Espiga (Virgem).
- Ricardo Cardoso Reis