Por que é que a homeopatia não funciona?
A Homeopatia é uma terapia alternativa fundada, no século XVIII, pelo médico Samuel Hahnemann. Apesar de alguns cidadãos considerarem-na válida, na realidade não possui qualquer base científica e a Ordem dos Médicos, em Portugal, não a reconhece como especialidade médica.
Com a proliferação dos produtos homeopáticos, surgiu a ideia de que estes seriam uma alternativa natural aos medicamentos convencionais. Ora, tal não se verifica, pois apenas os medicamentos possuem princípios ativos, que são as substâncias que interagem com o organismo para melhorar a nossa saúde.
Para compreender porque é que a homeopatia não funciona, há que conhecer como se preparam os produtos homeopáticos: A homeopatia parte do princípio que substâncias que causam sintomas de uma determinada doença podem curar essa mesma doença, princípio conhecido como “cura pelo semelhante”. Extraída e preparada a substância, há que diluí-la numa proporção 1:100, sucessivas vezes, agitando-se vigorosamente a solução. Ou seja, é o mesmo que misturar uma gota de substância com noventa e nove gotas de água, depois retirar uma gota desta solução e misturar com noventa e nove gotas de água, e assim sucessivamente, ultrapassando as vinte diluições.
Ao se proceder do modo atrás descrito, a solução fica tão diluída que deixa de estar presente uma única molécula de princípio ativo. Face a isto, os homeopatas respondem que quanto menos moléculas da substância houver mais o produto faz efeito. Além disso, segundo os mesmos homeopatas, não é necessário haver substância na solução porque a água “tem memória” dessa substância. Aqui está a resposta à questão de por que é que a homeopatia não funciona: primeiro porque a solução não tem um princípio ativo que iria atuar no organismo, e segundo porque a água não tem memória.
Para alertar a sociedade para este facto, vários grupos de cidadãos, onde se encontravam cientistas e médicos, decidiram ingerir caixas inteiras de produtos homeopáticos para demonstrar a sua ineficácia. Como este movimento internacional demonstrou, nenhum dos intervenientes sofreu qualquer efeito de “overdose”.
A situação ganha contornos preocupantes quando as pessoas abandonam os tratamentos convencionais, ou deixam de vacinar os seus filhos, para abraçar esta terapia que não tem qualquer influência na saúde. De facto, devido aos pais deixarem de vacinar as crianças, muitas doenças contagiosas estão a ressurgir, como é o caso do sarampo. Trata-se portanto de uma questão de saúde pública, para a qual os cidadãos deverão estar informados.
João Lourenço Monteiro
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João Lourenço Monteiro
Biólogo com mestrado em Biologia do Desenvolvimento, aluno de doutoramento em História e Filosofia da Ciência. Atualmente é comunicador de ciência no CIBIO-InBIO da Universidade do Porto.
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