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Super-joaninhas e malária

24 Abr 2012 - 16h16 - 1.923 caracteres

 

Desde o início do séc. XX que joaninhas asiáticas, Harmonia axyridis, são introduzidas em diversos países da Europa, EUA e Rússia como forma de controlo biológico de pragas. Nas últimas décadas, no entanto, verificou-se que as populações desta espécie de joaninha cresceram exponencialmente, ameaçando as populações das espécies de joaninha nativas. Associada à sua rápida proliferação estarão alguns mecanismos que lhes conferem uma grande capacidade de resistência a diversos agentes patogénicos. Por exemplo, quando ameaçadas ou atacadas, as joaninhas expulsam pequenas gotas de hemolinfa pelas articulações das patas.

 

Num artigo publicado recentemente na revista Biology Letters, um grupo de cientistas alemães identifica o principal componente da hemolinfa das joaninhas H. axyridis, um alcalóide designado de harmonine. Já se conheciam algumas das propriedades deste composto químico, como o facto de apresentar citotoxicidade contra cinco tipos linhagens celulares de tumores sólidos humanos. O que esta equipa agora demonstra é a sua actividade antibiótica de largo espectro e as suas propriedades antimaláricas. Bastam pequenas doses de harmonine para que se verifique uma diminuição da taxa de crescimento do parasita da malária Plasmodium falciparum e impede a transmissão do parasita no seu estádio sexual para o mosquito Anopheles sp. (o agente responsável pela transmissão da malária).

 

Não sendo ainda a cura para a malária, estes resultados revelam-se promissores no combate contra a malária, podendo ajudar a desenvolver novos fármacos que combinem a capacidade de diminuir a proliferação do parasita e de bloquear a sua transmissão.

 

Rita Campos

 

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

 

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Referência Artigo: http://rsbl.royalsocietypublishing.org/content/early/2011/09/14/rsbl.2011.0760.full]

 

Créditos Fotografia

davishort, Flickr [http://www.flickr.com/photos/14583963@N00/5736426384/]


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Rita Campos

Licenciada e doutorada em Biologia pela Universidade do Porto, é actualmente investigadora de pós-doutoramento no Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/InBIO). O objectivo geral da sua investigação é tentar conhecer melhor a biodiversidade através da análise dos padrões da sua variabilidade genética. Desde 2009 dedica uma parte do seu tempo a projectos de educação não-formal e comunicação de ciência. Tem particular interesse pelos temas da evolução biológica e biodiversidade e por desenvolver projectos que envolvam a participação activa do público. É membro fundadora da Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva (APBE) e do seu Núcleo de Educação e Divulgação (NEDE-APBE). 


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