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Voyager 1 a caminho das estrelas

26 Dez 2012 - 18h11 - 2.300 caracteres

A Voyager 1 foi lançada há 35 anos, exactamente a 5 de Setembro de 1977. Depois de ter explorado, pela primeira vez, os planetas gigantes Júpiter e Saturno, encontra-se hoje para além dos limites exteriores do Sistema Solar, e é desde 1998 o "objecto tecnológico" mais longe da Terra alguma vez feito pelo Homem.

 

A Voyager 1 avança para o espaço interestelar a uma velocidade de 17 km/s (61 200 km/h) e encontra-se a uma distância do Sol que é maior do que 123 vezes a distância da Terra ao Sol.

 

Nesta exploração, cujo 35º aniversário se comemora neste ano de 2012, a sonda (assim como a sua irmã gémea Voyager 2) leva consigo informação sobre a vida na Terra, dirigidas a outras vidas no espaço interestelar: o famoso "Disco Dourado" que contem saudações em 55 idiomas terrestres, 155 imagens do nosso planeta, assim com 90 minutos de "música humana" e sons da biosfera.

 

A Voyager 1 comunica semanalmente com o centro de controlo no Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), em Passadena, Califórnia, via sinais de rádio captados pelo "Deep Space Network" (http://deepspace.jpl.nasa.gov/dsn/). Os dados enviados demoram, à distância actual, cerca 16 horas e 40 minutos a atingir a rede de grandes antenas instaladas em três locais do planeta Terra (Goldstone na Califórnia, próximo de Madrid em Espanha e perto de Camberra na Austrália).

 

Desde 28 de Julho passado que os dados que a Voyager 1 envia para a Terra indicam aos investigadores de que a nave poderá ter entrado numa nova região do espaço em que o campo magnético solar está alinhado com campos magnéticos externos ao nosso sistema solar. Isto significa que a Voyager 1 poderá já ter saído mesmo da helioesfera, do casulo definido pelo campo magnético da nossa estrela. Apesar de serem necessários mais dados para confirmar estas indicações, o tempo é companheiro das novas explorações.

 

E a Voyager 1 continuará a explorar e a enviar mensagens sobre o espaço a caminho das estrelas, pelo menos até 2025, altura em que os três geradores termoeléctricos de radioisótopos (a electricidade é gerada a partir do decaimento de várias unidades de óxido de plutónio-238) deverão esgotar e silenciar-se... Mas as suas missões e feitos permanecerão edificantes na memória da exploração espacial.

 

António Piedade

 

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 


© 2012 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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