Arribas: românticas mas arriscadas
As arribas litorais existentes ao longo da costa portuguesa são locais de particular beleza, a partir das quais se observa um belo pôr-do-sol de verão ou à beira das quais nos abrigamos do vento ou do sol. No entanto, devido à conhecida instabilidade de algumas zonas e a acidentes ocorridos, têm perdido grande parte do seu romantismo.
Nas costas rochosas, as arribas são as vertentes expostas de forma periódica ou permanente à ação do mar e a sua evolução natural resulta no recuo da linha de costa. Estes eventos de recuo ocorrem de modo intermitente e descontínuo, sob a forma de movimentos de massa de vertente – ou desmoronamentos - de diferentes tipos e dimensões que, na maioria dos casos, acontecem de modo repentino. Estes processos são, na realidade, instantâneos e fulminantes, impossíveis de prever e durante os quais é igualmente impossível atuar. Muito raramente, existem alguns avisos prévios que convém ter em consideração, tal como o ruído associado à fratura do maciço rochoso, a queda de blocos de pequena dimensão ou o estalar de raízes. Apesar de estes eventos serem pontuais no tempo e localizados em termos espaciais, constituem um risco apreciável em zonas de intensa ocupação humana, seja na base ou no topo das arribas, como acontece em muitas praias portuguesas durante a época balnear.
É por este motivo que, em zonas identificadas como sendo particularmente instáveis, são colocadas, pelos vários serviços municipais sob orientação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA, I.P.), placas de sinalização, de modo a alertar os utentes para os riscos inerentes à sua localização. E é nas cores e formas típicas do perigo que estas placas assinalam, em vermelhos e amarelos, as zonas das praias onde as pessoas não devem permanecer. Nunca, sob nenhum pretexto. Mesmo que esteja muito vento, mesmo que esteja muito sol, mesmo que seja muito romântico. Estas zonas assim indicadas ou demarcadas são efetivamente zonas de perigo e onde a vida dos utentes balneares pode estar em risco. Se antigamente eram românticas, fosse para namorar ou como proteção contra os elementos, hoje em dia estar sobre as arribas ou na base das arribas (instáveis) é considerado arriscado. Resta-nos, assim, nos mais bonitos dias de verão, proteger o corpo do sol com um chapéu e óculos escuros e ficar, de mão dada, a molhar os pés na água fresca do Atlântico e contemplar, de forma segura, o sol que se põe a ocidente.
Cristina Brito
Para saber mais
Site da Agência Portuguesa do Ambiente: http://www.apambiente.pt
Pinto, C. (2009) Gestão e minimização do risco em litoral de arriba: exemplos e conceitos. Segurança em Protecção Civil. Revista de Planeamento e Gestão de Emergência. Ano 2, nº 5: 18-21.
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Cristina Brito
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