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Reabilitar jovens e adultos delinquentes

21 Out 2013 - 14h25 - 4.085 caracteres

A aplicação de um Programa de Prevenção e Reabilitação para indivíduos com comportamento antissocial, em todos os centros educativos e em 10 estabelecimentos prisionais de Portugal (Continente e Ilhas), demonstrou ter efeitos significativos na reabilitação e reinserção social eficaz de agressores e delinquentes.

O programa, desenhado por cientistas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) para uma intervenção sobre jovens em risco na Região Autónoma dos Açores, foi implementado no âmbito do projeto de investigação GPS–Gerar Percursos Sociais por uma equipa de investigadores da mesma faculdade em parceria com a Direção Geral de Reinserção Social e dos Serviços Prisionais do Ministério da Justiça. O objetivo era avaliar o impacto de uma intervenção focada na diminuição do comportamento agressivo e na regulação emocional (autocontrole emocional) de indivíduos delinquentes.

Ao longo de três anos e meio, a equipa trabalhou com dois grupos constituídos por 150 agressores juvenis (menores a cumprirem medida tutelar educativa de internamento) e por 300 reclusos adultos do sexo masculino.

A intervenção consistiu em cinco fases. Os investigadores começaram por apostar no desenvolvimento de competências de comunicação humana e de relacionamento interpessoal (aprender a dizer não, a pedir ajuda, a pedir desculpa, etc.). Posteriormente, foi trabalhado o processamento de informação disfuncional e a natureza e função das emoções básicas (raiva, tristeza, alegria, culpa e medo) e, por fim, foi abordada a mudança da visão que estes indivíduos têm de si próprios (sentimento de inferioridade e de diferença que impedem o desenvolvimento de um estilo de comportamento mais pró-social).

A implementação do GPS revelou um forte impacto positivo nas variáveis estudadas. «Os menores registaram uma melhoria significativa no controle da raiva e no autocontrole emocional e, no final da intervenção, mostraram um estilo de pensamento pró-social (leitura mais realista das situações interpessoais). Quanto aos adultos, verificou-se uma descida muito acentuada nos níveis de ansiedade e depressão e uma redução dos sentimentos de desconfiança e de paranóia», explica Daniel Rijo, investigador do Centro de Investigação do Núcleo de Investigação e Intervenção Cognitivo-Comportamental da UC.

As conclusões deste estudo «apontam para a necessidade e utilidade da inserção e generalização dos programas psicoeducacionais nos planos de reabilitação de agressores e delinquentes. Este tipo de intervenções revela-se capaz de produzir melhorias no seu funcionamento psicológico e no seu estilo de comportamento. Constituem, sem dúvida, uma mais-valia para o cumprimento da finalidade das penas que visam a reabilitação e a reinserção social eficaz», conclui o também docente da UC.

Os resultados da pesquisa, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), vão ser apresentados nos dias 25 e 26 de outubro, em Coimbra, durante o Seminário Final do Projeto de I&D “Intervenções Cognitivo Comportamentais em Contextos Forenses” a decorrer na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) - http://www.uc.pt/fpce/slideshow/seminario_gps.pdf

 

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa – Universidade de Coimbra)


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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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