Alerta para a Antártida
Cientistas alertam para as áreas de intervenção urgente na Antártida. A Nature publica a estratégia a seguir nos próximos 20 anos. O cientista polar português José Xavier é um dos autores deste artigo.
A Antártida é uma das regiões do planeta que tem mostrado sinais de mudanças ambientais bastante rápidas e profundas. Para definir as prioridades científicas para os próximos 20 anos na região, a Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) reuniu 75 cientistas e decisores políticos, de 22 países, no passado mês de abril. José Xavier, do Instituto do Mar da Universidade de Coimbra (UC), foi o único cientista português a participar nesta cimeira científica. As principais áreas de intervenção para as próximas duas décadas foram agora publicadas na prestigiada revista Nature (Six priorities for Antarctic science. Nature 512: 23-25).
Esta foi a primeira vez que a Comunidade Antártica Internacional formulou uma visão coletiva, através de discussões, debates e votações. Partindo de inúmeras questões e problemáticas, os cientistas selecionaram 80 temas repartidos por 6 grandes áreas científicas: definir o alcance global da atmosfera da Antártida e do Oceano Antártico; compreender como, onde e porquê a camada de gelo que se encontra na Antártida (ice sheet) perde massa; revelar a história da Antártida; aprender sobre como a vida na Antártida evoluiu e sobreviveu; observar o espaço e o universo e reconhecer e mitigar a influência humana.
José Xavier, coautor do artigo da Nature, realça que «foi excelente reunir alguns dos melhores especialistas do mundo para definir as áreas estratégicas de investigação. O que se está a passar na Antártida, como o degelo, mudanças da circulação do oceano e a recuperação da camada de ozono, possui consequências globais, seja no clima, no nível da água do mar, na biodiversidade ou na sociedade».
Como coordenador da sessão que reuniu especialistas sobre a vida no Oceano Antártico e Ecologia (Southern Ocean Life & Ecology), José Xavier teve um papel muito ativo na reunião: «concluímos que existem ainda muitas questões científicas importantes por responder. É essencial perceber, por exemplo, quais as espécies que nos podem levar a compreender o funcionamento do Oceano Antártico, que espécies poderão extinguir-se no futuro próximo e como as alterações climáticas afetam, e poderão afetar, as pescas no Oceano Antártico».
Para abordar estas questões levantadas pela comunidade internacional, o investigador da UC defende que «é fundamental haver esforços internacionais coordenados de modo a maximizar o retorno científico enquanto se reduz o impacto humano. Para Portugal, país que possui um pequeno grupo de equipas que fazem ciência nas regiões polares, isso faz todo o sentido!»
Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)
Figura 1. Oceano Antártico poderá dar-nos importantes respostas sobre como funciona o planeta (fotografia de José Xavier).
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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra
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