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Chuva de estrelas das Perseidas

07 Ago 2014 - 17h03 - 3.254 caracteres

No seu movimento de translação ao redor do Sol, o nosso planeta atravessa ao longo de todo o ano várias regiões do espaço polvilhadas com poeiras deixadas pela passagem de cometas.

Em Agosto, a Terra atravessa o rasto de poeiras deixadas pela passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle. Este encontro provoca a entrada na atmosfera terrestre dessas poeiras (do tamanho de grãos de areia) que, devido à fricção, se incendeiam originando um rasto luminoso visível à noite. Comummente designa-se este evento astronómico por “chuva de estrelas”.

A chuva de estrelas deste mês surge mais intensamente no céu a partir da constelação de Perseu. Daí o seu nome de chuva de estrelas das Perseidas, apesar de também ser conhecida por Lágrimas de São Lourenço. A noite em que atinge o seu máximo é a de 12 para 13 de Agosto.

A chuva de estrelas das Perseidas é uma das maiores do ano, chegando a alcançar cerca de 100 rastos luminosos por hora em céus escuros. Este ano, infelizmente para a observação, a Lua estará Cheia, o que afectará a visualização do espectáculo nocturno. De facto, com a Lua cheia a iluminar o céu, certamente que o número de traços luminosos visíveis será inferior ao esperado.

De qualquer maneira, quem arriscar certamente conseguirá ver alguns a cruzar o céu. O pico de atividade está previsto entre as 20:00 do dia 12 e as 9:00 do dia 13, com maior probabilidade de ocorrer próximo da meia-noite. O radiante das Perseidas (ou seja o ponto de onde parecem provir na abóbada celeste), aparecerá acima do horizonte a Nordeste.

Acrescente-se que estas poeiras, reminiscentes da passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle, entram na atmosfera com uma velocidade entre 59 km/s e 72 km/s e a maior parte desintegra-se a uma altitude de 100 km.

Diga-se que o cometa 109P/Swift-Tuttle foi descoberto a 19 de Julho de 1862 por Lewis Swift e Horace Parnell Tuttle, e tem um diâmetro de 9,7 km. É um cometa periódico, regressando às proximidades do Sol em cada 135 anos. A sua última aproximação teve lugar em 1992, ano em que a chuva de estrelas das Perseidas foi espectacular, com mais de 300 rastos luminosos por hora, devido à maior densidade de poeiras deixadas então recentemente pelo cometa.

Assim, planeie uma observação astronómica para a noite da próxima terça-feira e desfrute da provavelmente maior chuva de estrelas do ano. Para isso, escolha um local que seja o mais escuro possível, longe da cidade. Não precisa de usar telescópios nem binóculos, pois bastam os nossos olhos para observar a chuva de estrelas. Não olhe para a direcção da Lua Cheia, mas sim para as regiões a nordeste mais escuras do céu. Observe relaxadamente, sem pressas e o mais cómodo, se possível deitado no chão. Boas observações.

 

António Piedade


© 2014 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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