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2015 Ano Internacional da Luz

27 Jan 2015 - 11h18 - 3.820 caracteres

Este ano de 2015 foi proclamado pela UNESCO como Ano Internacional da Luz. De facto, a 25 de Novembro de 2013, a Assembleia Geral das Nações Unidas, no decurso da sua 68ª sessão, proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz. O Ano Internacional da Luz é uma iniciativa à escala global que pretende destacar aos cidadãos de todos os países a relevância da luz, em particular das tecnologias baseadas na luz, nas suas vidas e no seu futuro. A luz vai ser em 2015 o denominador comum para milhares de iniciativas transversais a várias disciplinas com impacto directo no nosso quotidiano. É que há luz por todo o lado e sem luz o Universo seria muito diferente, não haveria vida tal qual a conhecemos, não estaríamos aqui. Trata-se de uma oportunidade única para inspirar, educar e ligar pessoas de um modo global em torno de um tema unificador.

As Nações Unidas destacaram cinco datas históricas com particular pertinência para o estudo da luz, que deverão ser celebradas neste ano de 2015:

Há mil anos, em 1015, o árabe Ibn Al Haytham (conhecido também pela forma latina Alhazen) escreveu o primeiro “Livro de Óptica”.

Há 200 anos, em 1815, o francês Augustin-Jean Fresnel apresentou a sua teoria sobre a natureza ondulatória da luz, que desfez na altura uma controvérsia a respeito da luz.

Há 150 anos, em 1865, o britânico James Clerk Maxwell publicou a sua teoria de electromagnetismo, afirmando que a luz era composta por ondas electromagnéticas (essas celebradas equações de Maxwell explicam todos os fenómenos eléctricos, magnéticos e ópticos).

Celebra-se este ano também o centenário da publicação por Albert Einstein da teoria da Relatividade Geral, apresentando a luz no espaço e no tempo: a luz é encurvada nas proximidades de um corpo com massa elevada, que deforma o espaço-tempo á sua volta.

Há 50 anos, em 1965, os norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson descobriram a chamada radiação cósmica de fundo, a luz mais antiga do cosmos que corresponde ao nascimento dos átomos, quando o Universo tinha cerca de 380 000 anos. Também há 50 anos que o norte-americano Charles Kao apresentou a tecnologia da fibra óptica, que hoje está generalizada para a difusão dos sinais de televisão e Internet, para além do seu uso na medicina.

Para além das referências históricas, a escolha do tema da luz justifica-se em diversas dimensões. A ciência da luz deu origem a aplicações com impacto directo na qualidade de vida em todo o mundo. Essas aplicações são dos maiores motores económicos da actualidade: basta pensar nos telemóveis, na televisão, na Internet, nos micro-ondas, nos lasers, no GPS, etc. São usadas aplicações do nosso conhecimento sobre a luz nas comunicações, na saúde, no ambiente e em muitos sectores da sociedade. O tema da luz, ao ligar várias ciências, várias tecnologias e ao ligar as ciências à vida, oferece um potencial pedagógico extraordinário: não se trata de celebrar o ano de uma disciplina isolada, como a física, a astronomia ou a medicina, mas sim, de um elemento transversal a praticamente todas elas.

Celebremos então a luz que tece o Universo e que nos dá vida, e com ela entremos numa viagem iluminada pelo conhecimento humano.

 

António Piedade


© 2015 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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