Os ursos polares comem pinguins?
Imagine um urso polar. E agora tente um pinguim. Porque será que um não come o outro? Esta e outras perguntas têm sido essenciais para transferir conhecimentos básicos sobre geografia, biologia, física e até línguas nas nossas escolas. Como biólogo marinho a estudar estes animais na Antártida desde 1997, tenho ido a inúmeras escolas a mostrar que os cientistas podem não ter óculos fundos de garrafa, podem não usar sempre a bata de laboratório e que também adoram seguir o nosso Sporting, Benfica ou Porto (ou qualquer outro clube). Sim, os cientistas também têm sentido de humor, podem ser simpáticos e a nova geração de jovens cientistas provam isso.
Agora já não são só os documentários da BBC a falar da natureza. São os nossos próprios cientistas Portugueses que vão a áreas remotas do planeta, como o Ártico e a Antártida, para desvendar questões importantes para a ciência e para a Humanidade. Nas escolas, menciono que também TU (os alunos) podes seguir a carreira que desejas, só tens de dar o teu melhor na escola. Para ser cientista, ou qualquer outra profissão, é importante gostar muito do que se faz, mas é tão importante ser bom também, e ter espirito de sacrifício e muita dedicação. O papel dos pais, dos avós e da restante família, da escola e da sociedade são muito importantes. Evidencio nas palestras que, apesar de querer ser jogador de futebol (eu queria ser o Figo!), também tentava tirar boas notas na escola, e que foi muito importante dedicar-me a todas as disciplinas. Como biólogo marinho, foi essencial ser bom a biologia, mas também no inglês (como falaria com os meus colegas estrangeiros?), na matemática (como analisaria os meus dados?), na educação física (como poderia trabalhar na Antártida se não estivesse em forma?) e em todas as restantes disciplinas. Ainda hoje reencontro conceitos de matérias dadas nas aulas, que só agora compreendo serem importante para o que faço. O segredo é incutir nos nossos filhos/netos/bisnetos que não basta gostar, é preciso ser bom também. A minha Avô sempre dizia que “o conhecimento não ocupa espaço, e ele irá sempre contigo e ajudar-te-á todos os dias…por isso, toca a estudar!”. E para se ser bom é preciso dedicação e trabalho, tal como o Cristiano Ronaldo que treina mais que os outros…dando sempre o seu melhor.
Deve estar ainda curioso(a) para saber porque é que os ursos polares não comem pinguins? Bem, os ursos polares vivem na região Ártica do nosso planeta e os pinguins só vivem no hemisfério sul. Resumindo: eles vivem em partes diferentes do planeta, daí não ser possível os ursos polares comerem pinguins.
Através da ciência que faço, e dando exemplos como este acima, pretende-se transmitir os valores que a escola e a sociedade deverão transmitir às gerações mais novas. Ao fim das palestras, nada me deixa mais feliz do que ouvir que “eu quero ser é engenheiro! Mas agora sei que, para o conseguir, vou ter de estudar tudo!”. Nem mais…
José Xavier (Cientista polar português)
© 2015 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
José Xavier
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