Registo | Contactos

Mercúrio vai passar à frente do Sol

06 Mai 2016 - 20h06 - 3.820 caracteres

No nosso sistema solar, Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. Enquanto a Terra está a cerca de 150 milhões de quilómetros, Mercúrio está “só” a cerca de 58 milhões de quilómetros do Sol (mais precisamente, a 46 milhões no periélio e a 70 milhões de quilómetros no afélio). Este planeta dá uma volta completa ao Sol em pouco menos de 88 dias. Curiosamente, o dia em Mercúrio tem uma duração de cerca de 58 dias. Mercúrio executa três rotações para cada duas translações!

O conhecimento sobre a existência de Mercúrio perde-se na noite dos tempos. Até aos Gregos, pensava-se que se tratava de duas estrelas: Apolo, a estrela da manhã e Hermes a estrela da tarde. Mas no tempo de Heraclito de Éfeso (aproximadamente 535 a.C. - 475 a.C.), por exemplo, já se sabia que ambas as estrelas eram um mesmo planeta. Recorde-se que a palavra planeta vem do grego antigo planítis, que significava “estrela errante”.

Mas porquê é que estamos a mencionar Mercúrio? É porque, como já leu no título, este planeta vai passar na próxima segunda-feira, dia 9 de Maio, à frente do Sol, num fenómeno designado por trânsito de Mercúrio. Este evento astronómico é raro: a última vez que ocorreu foi a 7 de maio de 2003; o próximo terá lugar em Novembro de 2019, e o seguinte só irá ocorrer em 2032.

Em Portugal, se o Sol estiver descoberto, a observação do trânsito terá início 12 horas e 12 minutos (hora continental) e irá durar até às 19 horas e 42 minutos, com o máximo pelas 15 horas e 56 minutos. Ao longo da tarde várias instituições nacionais levarão a cabo a observação do trânsito, recorrendo a instrumentos devidamente equipados. É o caso do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva e o Planetário Calouste Gulbenkian – Centro Ciência Viva, organizando-se atividades abertas ao público que vão da observação do evento com telescópios, até conversas com astrónomos destas instituições.

Na impossibilidade de se observar o trânsito devido ao mau tempo, poderemos seguir esta efeméride através do site da Nasa (http://www.nasa.gov/transit/).

Se o Sol estiver descoberto, a observação do trânsito de Mercúrio deverá ser efectuada com muito cuidado. Devido ao tamanho deste planeta, o evento não é visível à vista desarmada. Por isso não tente olhar directamente para o Sol. Aliás, em nenhum caso deve olhar directamente para o Sol (observar o Sol com segurança: http://oal.ul.pt/observar-o-sol-em-seguranca/).

O trânsito de mercúrio só será visível recorrendo a binóculos e telescópios apropriados. É importantíssimo salientar que estes instrumentos devem estar sempre equipados com filtros específicos para o efeito que devem ser adquiridos em lojas da especialidade. Não é aconselhável o uso de óculos para ver eclipses. Acrescente-se que a observação deverá ser feita por períodos curtos de poucos segundos. Na falta de filtros, a luz captada pelo telescópio deve ser projetada contra um ecrã.

 

António Piedade


© 2016 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


Veja outros artigos deste/a autor/a.
Escreva ao autor deste texto

Ficheiros para download Jornais que já efectuaram download deste artigo