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Mensagens vindas do espaço (III)

13 Set 2012 - 21h29 - 2.111 caracteres

Comemora-se este ano o 40º e o 35º aniversário do lançamento das sondas Pionner 10 e Voyager 1, respectivamente. Estes são hoje os objectos, feitos pelo Homem, que se encontram mais longe da Terra, lá onde o Sol passa a ser só mais uma estrela.

 

Há 40 anos, mais precisamente a 2 de março de 1972, foi lançada a Pionner 10, a primeira sonda robotizada com uma missão de exploração interplanetária, especificamente ao planeta Júpiter. A Pionner 10 também foi o primeiro objecto feito pelo homem a deixar, a 13 de Junho de 1983, o sistema solar em direcção às estrelas (de facto em direcção à estrela Alpha Tauri, a estrela mais brilhante da constelação do Touro). Mas deixou de nos enviar mensagens a 23 de janeiro de 2003, quando se encontrava a uma distância 80 vezes igual à da Terra ao Sol.

Outras sondas se lhe seguiram com missões interplanetárias cada vez mais complexas e minuciosas, à medida que a tecnologia e ciência aeroespacial se foram desenvolvendo.

A sonda Voyager 1 foi lançada há 35 anos, a 5 de Setembro de 1977, com a missão de explorar os planetas gigantes do sistema solar (Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno) e enviar-nos mensagens sobre as descobertas. Viajando a uma maior velocidade, ultrapassou a Pionner 10 a 17 de Fevereiro de 1998, tornando-se o objecto humano mais distante da Terra desde então.

Para além das primeiras e fantásticas imagens modernas que a Voyager 1 nos enviou desses planetas, e de algumas das suas luas (que descobrirmos pelas mensagens dela), e antes de deixar o sistema solar, esta sonda voltou-se uma última vez para trás, no dia 14 de Fevereiro de 1990, e fotografou os planetas do sistema solar, incluindo a Terra. O álbum planetário que nos enviou é uma das mensagens mais paradigmáticas da exploração espacial que recebemos até hoje.

Se Iury Gagarin foi o primeiro ser humano a nos comunicar que a Terra tem uma cor maioritariamente azul vista a partir de uma distância orbital, através da mensagem fotográfica que a Voyager 1 nos enviou, pudemos contemplar que, há distância de 6 mil milhões de quilómetros (40 vezes a distância da terra ao Sol), o nosso planeta é um ponto azul-claro na imensidão do universo, como escreveu Carl Sagan.

E esta sonda interestelar continua a enviar-nos mensagens todas as semanas, sobre o ambiente espacial na fronteira em que o nosso Sol passa a ser só mais uma estrela.

 

António Piedade

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva


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António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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