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Teste pioneiro permitirá substituir testes em animais na indústria de cosmética

08 Out 2012 - 21h11 - 2.434 caracteres

Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências (CNC) e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveu um teste pioneiro para a deteção do potencial alergénico cutâneo de químicos (avaliação da sensibilização cutânea), que permitirá reduzir significativamente os ensaios em animais na indústria de cosmética.

 

O teste inovador in vitro baseia-se na utilização de células de pele imortalizadas (linha celular) para avaliar, através da análise de diversos parâmetros, o potencial alergénico cutâneo de químicos antes da sua introdução no mercado, substituindo deste modo os respetivos testes em animais. Este projeto resulta de sucessivos estudos realizados ao longo dos últimos 6 anos, pelos investigadores Teresa Cruz Rosete, Bruno Neves e Susana Rosa.

O teste, denominado Sensitiser Predictor, já distinguido com vários prémios nacionais e internacionais, além de «dar resposta à imposição legislativa da União Europeia no sentido de abolir a utilização de animais em testes de produtos da indústria de cosmética, é um método muito mais rápido do que os atuais que recorrem aos ensaios em animais (ratinhos), mais económico e passível de ser usado em grande escala», explica a investigadora, Teresa Cruz Rosete.

Com uma patente internacional em fase de avaliação, o projeto, também financiado pela Fundação para a Ciência e tecnologia (FCT), carece ainda da «validação do European Centre for the Validation of Alternative Methods – ECVAM, para que possa ser considerado teste de referência a nível da OCDE», observa a investigadora do grupo de Imunologia Celular e Oncobiologia do CNC e docente da Faculdade de Farmácia da UC.

Apesar de forte pressão da União Europeia para se acabar com os ensaios em animais, a verdade é que ainda não existem testes alternativos para diversos itens de toxicidade, nomeadamente sensibilização cutânea. Por isso, o Sensitiser Predictor poderá marcar «a mudança de paradigma na avaliação da toxicidade (ensaios toxicológicos) de compostos. A comunidade científica internacional está precisamente a apostar no desenvolvimento de métodos simples e rápidos, para substituir os testes em animais», conclui a investigadora.

O grupo, único em Portugal a trabalhar no desenvolvimento de testes para avaliação da sensibilização cutânea – cujo processo de avaliação de toxicidade é muito complexo - pretende agora alargar o teste a outras áreas, nomeadamente a alergias respiratórias.

 

Cristina Pinto (UC)

 

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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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