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Algas podem substituir ervilhas e feijões

18 Out 2012 - 19h14 - 1.624 caracteres

Na costa portuguesa existem algas marinhas que podem ser incluídas no regime alimentar em substituição de leguminosas. As algas são ricas em proteínas e apresentam benefícios para a saúde, podendo vir a ser uma componente importante no nosso regime alimentar, concluiu uma equipa de cientistas irlandeses.

 

As algas da espécie Palmaria palmata e do género Porphyra apresentam uma constituição proteica semelhante à que se encontra em leguminosas como as ervilhas ou os feijões. Estas espécies podem ser incluídas em dietas altamente nutritivas e de baixo custo.

 

Mas a utilização destas algas vai mais longe. Atualmente, a pressão sanguínea elevada é a principal causa de doenças cardiovasculares (DCV), sendo estas doenças responsáveis pela morte de 4,3 milhões de pessoas por ano, no mundo. Os investigadores identificaram pela primeira vez proteínas nestas algas que atuam inibindo a renina, uma substância chave no controle fisiológico da pressão sanguínea, normalizando-a em casos de hipertensão, o que permite prevenir as DCV.

 

Estas algas podem ser recolhidas diretamente do mar, ou podem ser produzidas em aquacultura. Tanto ao nível da produção como ao nível da indústria transformadora, identificam-se potenciais oportunidades de gerar riqueza, algo que não é despiciendo num contexto de crise internacional. Num contexto local, a produção de algas vai diversificar a produção agrícola do país, num contexto global contribuirá para a substituição das plantações de soja que tanto têm contribuído para a desflorestação e erosão dos solos, noutros países. Os resultados serão positivos para a economia e para o ambiente.

 

Por João Lourenço Monteiro - Biólogo

 

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

Referência artigo:

Fitzgerald C, Mora-Soler L, Gallagher E, O'Connor P, Prieto J, Soler-Vila A, Hayes. M.Isolation and Characterization of Bioactive Pro-Peptides with in Vitro Renin Inhibitory Activities from the Macroalga Palmaria palmata.J. Agric. Food Chem., 2012, 60 (30), pp 7421–7427. DOI:10.1021/jf301361c

http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/jf301361c


© 2012 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


João Lourenço Monteiro

Biólogo com mestrado em Biologia do Desenvolvimento, aluno de doutoramento em História e Filosofia da Ciência. Atualmente é comunicador de ciência no CIBIO-InBIO da Universidade do Porto.


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