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Relação entre doenças cancerígenas e condições socioterritoriais em Portugal Continental

23 Jul 2013 - 12h46 - 2.357 caracteres

A Região Norte, particularmente Grande Porto, Cávado, Tâmega e Minho-Lima, é a região do país onde se regista o maior número de óbitos por cancro do estômago, enquanto as zonas da Grande Lisboa, Grande Porto, Baixo Alentejo e Algarve registam a taxa mais elevada de mortes devido a cancro nos brônquios e no pulmão. São os primeiros resultados de um estudo em curso na Universidade de Coimbra (UC) que visa analisar a variação geográfica dos óbitos causados por diferentes tipos de cancro, em Portugal Continental, e estimar a sua associação a fatores sociais e ambientais.

A equipa multidisciplinar, envolvendo investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (Centro de Investigação em Antropologia e Saúde – CIAS) e de Letras (Geografia) da Universidade de Coimbra (UC), analisou os óbitos ocorridos entre 2007 e 2009, causados por 14 tipos de cancro nas 28 regiões definidas pela divisão territorial NUT III (Unidades Territoriais Estatísticas de Portugal).

Considerando a complexidade da doença cancerígena, as coordenadoras do estudo, Manuela Alvarez e Helena Nogueira, realçam que o conhecimento da variação da patologia ao longo do território nacional «é bastante útil para a definição de áreas de risco, por tipo de cancro, e relevante para os cuidados primários de saúde, permitindo o desenvolvimento de ações de prevenção dirigidas e a alocação de recursos adequados para a melhoria da qualidade dos serviços médicos».

Nesta primeira fase do estudo, no âmbito da relação entre doença e sociedade, em que a equipa estabeleceu os padrões de mortalidade por tipo de cancro, foram encontradas associações significativas entre o aumento do risco de morte e os indicadores de desenvolvimento socioeconómico das regiões estudadas.

Foi igualmente observada «uma correlação negativa entre os indicadores de desenvolvimento e quase todos os tipos de cancro, com a exceção do cancro do pulmão, que apresenta uma correlação positiva com o índice de educação e cultura» adiantam as investigadoras da UC.

 Agora, o estudo deverá prosseguir no terreno, com a aplicação de inquéritos individuais, para se perceber em detalhe os fatores que mais influenciam a doença. Vão ser avaliados fatores como qualidade do ambiente – natural e construído – hábitos alimentares, acontecimentos de vida (divórcio, desestruturação familiar, etc.) e desemprego, entre outros.

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)

 

Legendas das figuras

Figura 1

Razões padronizadas de mortalidade por cancro nas NUT III de Portugal Continental:

a) Mortalidade por cancro da bexiga
b) Mortalidade por cancro do pulmão e brônquios
c) Mortalidade por cancro do colo do útero
d) Mortalidade por cancro do cólon
e) Mortalidade por cancro do esófago
f) Mortalidade por cancro do estômago
g) Mortalidade por cancro do fígado

Figura 2

Razões padronizadas de mortalidade por cancro nas NUT III de Portugal Continental:

h) Mortalidade por cancro da mama
i) Mortalidade por cancro do ovário
j) Mortalidade por cancro do Pâncreas em RPM
k) Mortalidade por cancro da Pele em RPM
l) Mortalidade por cancro da próstata em RPM
m) Mortalidade por cancro do recto
n) Mortalidade por cancro do útero em RPM


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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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