Colocar os tamarilhos na mesa dos portugueses
Por: Cristina Pinto / Universidade de Coimbra
Com características nutricionais muito interessantes, devido ao elevado índice antioxidante e baixo teor calórico, o tamarilho (fruto originário da América do Sul) é ainda pouco conhecido em Portugal, quer pela população quer pelos produtores e indústria.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) está apostada em alterar esta realidade e, através de técnicas de clonagem, obteve um conjunto de plantas selecionadas, altamente promissoras para afirmar a produção e consumo deste fruto exótico no nosso país.
A partir de material vegetal proveniente de diferentes origens (entre elas a Madeira e os Açores, onde há pequenas produções), os investigadores desenvolveram um método de clonagem por embriogénese somática - que permite multiplicar árvores selecionadas.
A grande mais-valia da técnica utilizada pelos investigadores para ter plantas selecionadas é «manter as características originais com interesse e garantir uma produção rápida e resistente, p. ex., a pragas e intempéries, o que no caso do tamarilho assume grande importância, já que é uma fruteira muito sensível às geadas. Os métodos convencionais de propagação por semente não permitem manter a qualidade da planta mãe», explica a bióloga Sandra Correia, que desenvolveu a sua tese de doutoramento no âmbito desta pesquisa.
Os resultados desta investigação, desenvolvida no Centro de Ecologia Funcional da UC, têm um grande potencial de aplicação na gastronomia e na indústria. Jorge Canhoto, coordenador do estudo, estabelece uma comparação com o mirtilo: «Há 10 anos, também não era conhecido em Portugal e agora, não só é muito consumido, como também é bastante significativa a exportação. Temos plantas, os genótipos de excelência e a tecnologia para transferir para indústria. Estamos perante um nicho económico a explorar».
Por outro lado, concluem os investigadores, «é sabido que a designada gastronomia gourmet aposta em produtos novos e o tamarilho, devido à sua característica agridoce, pode fazer diferença no cardápio. É um fruto excelente para inovar e surpreender nos doces, sumos, compotas e pratos gastronómicos, etc.».
Com um ensaio piloto em curso no Jardim Botânico, a equipa tenciona agora micropropagar plantas em larga escala no âmbito da UC InProplant, uma associação estabelecida entre a Universidade de Coimbra e a empresa InProplant e que tem como principais áreas de atuação os setores agro-frutícola e florestal.
Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)
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