2012: ano fatídico?
Entramos em 2012 e as profecias já estão aí. Ouve-se nos locais que frequentamos, lê-se e vê-se na comunicação social. Parece que temos uma ligação à desgraça, como se a crise não bastasse, de modo a poder reerguer a nossa moral posteriormente.
Mas, o que se diz por aí e qual a resposta da ciência?
O Planeta X – Este planeta, ou noutras versões o Nibiru, estaria fora do Sistema Solar e agora aproxima-se da Terra. A resposta da ciência é simples: nunca foi detetado tal planeta, nem com recurso às poderosas sondas das várias agências espaciais. Outro pormenor importante é que, se de facto existisse, já poderia ser visível da Terra a olho nu.
Calendário Maia – Sem dúvida o que levanta mais polémica e despoletou inúmeras crenças a nível mundial. Os seus crentes assumem que o mundo vai acabar em 21 de dezembro deste ano. A resposta da ciência, mais uma vez, é simples: assim como o nosso calendário acaba em 31 de dezembro, o calendário maia representa um ciclo mais longo e acaba neste ano, iniciando um novo ciclo. Este ciclo já foi repetido pelo menos 12 vezes.
Alinhamento dos planetas – Lê-se muito sobre isto na internet, parece mágico. Os seus defensores dizem que em 21 de dezembro o Sol vai alinhar-se com o plano da Via Láctea, originando uma alta formação de radiação, proveniente do centro da galáxia. Irá destruir o planeta Terra. O que diz a ciência: Todos os anos neste mês o Sol e a Terra alinham-se aproximadamente com o centro da galáxia. E não houve nenhuma consequência negativa.
Inversão dos polos magnéticos – Os defensores desta teoria clamam que o polo norte e sul ficarão invertidos. Daí a Terra não conseguirá proteger-se dos raios cósmicos e irá inverter a sua rotação em consequência da inversão do núcleo terrestre. A ciência clarifica: Inverter a Terra é impossível, mas os campos magnéticos não. Essa mudança ocorre a cada 500 mil anos e para essa inversão falta, pelo menos, mil anos. Também não houve danos no planeta nesses eventos.
Supertempestade solares – Há quem defenda que em 2012 o Sol irá prejudicar-nos muito mais por vivermos no mundo da eletrónica. A ciência responde: Não existe nenhuma evidência para isso acontecer. O ciclo solar demora 11 anos e atingirá o seu máximo de atividade até meados deste ano. O máximo que pode ocorrer é auroras ou danos nos satélites.
Meteoro assassino – Os seguidores desta teoria dizem que em 2012 cairá um meteoro na Terra e destruirá os humanos e animais. A ciência diz-nos: Dados de vários projetos das agências espaciais revelam que não corremos nenhum perigo de colisão.
Visita dos ETs – Os amantes de extraterrestres defendem que irão aparecer neste ano e que ninguém saberá o que estes irão fazer connosco. A ciência defende: Não há registos de vida inteligente para além do nosso planeta.
Não faça como os seguidores destas lendas que preferem acreditar nestas previsões (mesmo não acertando uma única vez) do que na ciência (que possui uma probabilidade de previsão superior a 90%).
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António Piedade
António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.
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